Maternidade APMIR é exemplo no incentivo à amamentação assistida

Ações da Semana Mundial de Aleitamento Materno recorrem às redes sociais em tempos de pandemia, mas não perdem forças. Brasil melhora índices de aleitamento e incentiva formação de rede de apoio às mães durante a amamentação.
Natália Oliveira

Termina hoje a Semana Mundial de Aleitamento Materno 2020, criada pela OMS para promover ações de conscientização sobre temas relacionados à amamentação. No Brasil, resultados divulgados pelo Ministério da Saúde na última terça-feira, mostram que os índices de aleitamento materno estão crescendo no país, o que é extremamente importante. Mais da metade das crianças pesquisadas estão sendo amamentadas no primeiro ano de vida (53%) e 45,7% delas tiveram o leite materno como forma exclusiva de alimentação até os 6 meses. A amamentação ajuda a reduzir a taxa de mortalidade infantil e traz vários benefícios para as mães, reduzindo, por exemplo, as chances de câncer de mama e de ovário.

A Maternidade APMIR (Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Resende), afiliada à Femerj, todos os anos participa ativamente da Semana Mundial de Aleitamento Materno, com iniciativas de conscientização e capacitação dentro e fora do hospital. Este ano, as ações foram um pouco diferentes por conta da pandemia da Covid-19.

Geralmente, durante essa Semana, é feito um treinamento com toda a equipe do hospital, principalmente com os recém chegados para conscientizar sobre a importância da amamentação, treiná-los para ajudar às mães nesse processo e capacitá-los para tirarem dúvidas tanto das mães, quanto dos familiares sobre o aleitamento. Desta vez, o curso foi online. Além disso, ficaram fora do calendário as ações externas, como as campanhas informativas e dinâmicas no parque da cidade e em praças do município de Resende. A solução foi investir em lives, divulgações através da internet e na conversa com as mães internadas na maternidade.

Foto: Divulgação Maternidade APMIR

A coordenadora de enfermagem obstétrica da APMIR, Andrea Penedo, reforçou a importância da mobilização que a Semana Mundial de Aleitamento Materno gera em todo o mundo, mas lembrou que é preciso um trabalho educativo contínuo junto às mães, às famílias e à sociedade para garantir a amamentação. Andrea informou que a maternidade de Resende conta com uma equipe multidisciplinar, com psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, enfermeiras, médicos e técnicos de enfermagem que trabalham na Promoção e Proteção do aleitamento materno. A maternidade disponibiliza para as mães uma Sala de Retorno, onde às mulheres são recebidas uma semana depois do nascimento do bebê para ter acesso à assistência necessária neste primeiro momento da amamentação. De acordo com a enfermeira, geralmente o insucesso do aleitamento acontece entre o quinto e o sétimo dia.

“A mãe permanece no hospital de 48 horas a 72 horas. É muito pouco tempo para a gente conseguir deixar ela bem orientada, bem assistida para fazer o aleitamento de forma correta, garantindo assim que ela prossiga com a amamentação pelo tempo necessário. O pré-natal não forma essa mãe para aleitar. Por isso, a sala de retorno ou sala de amamentação é tão importante. Lá ensinamos práticas que reduzem ou até acabam com o incômodo, técnicas para fazer curativos entre uma mamada e outra, recomendamos o banho de sol, ensinamos a melhor posição para amamentar e como umidificar o peito, por exemplo. Com isso a gente tem visto um decréscimo imenso em casos de fissuras nas nossas mães e nesse ano não registramos nenhuma internação por mastite” – explicou, Andrea.

A Maternidade APMIR tem, desde 2007, o título de Hospital Amigo da Criança. Um selo de qualidade conferido pelo Ministério da Saúde aos hospitais que cumprem os dez passos para o sucesso do aleitamento materno, instituídos pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A Semana Mundial de Aleitamento Materno vem fortalecer um vínculo, um compromisso que o hospital têm com as mulheres de Resende e de todo o estado do Rio de Janeiro.

Importância do Aleitamento Materno

O aleitamento materno é uma das principais estratégias para combater a mortalidade infantil. De acordo com a Rede Global de Bancos de Leite Humano, da Fundação Oswaldo Cruz, estudos indicam que o leite humano é capaz de reduzir em até 13% as mortes evitáveis de crianças até os 5 anos de vida. O leite materno contém um equilíbrio de gorduras, carboidratos e proteínas na medida exata para promover o crescimento e aumentar a imunidade dos bebês. Além disso, combate infecções comuns na infância, ajuda a desenvolver o cérebro e a aumentar a resistência a doenças crônicas como alergias, asma e diabetes. Segundo à Rede, existem evidências de que a amamentação pode ainda reduzir as chances do desenvolvimento de cânceres na mãe e no bebê.

É bom lembrar, que não há qualquer risco em seguir com a amamentação durante a pandemia do novo coronavírus, já que, segundo a OMS, está claro que o vírus não é transmitido pelo leite materno. A única orientação dos especialistas é que as mães sigam as normas de higiene, como a limpeza das mãos e do peito antes de amamentar.

Foto: Divulgação Ministério da Saúde

Para marcar a Semana Mundial de Aleitamento Materno, o Ministério da Saúde lançou, na última terça-feira, a campanha anual de incentivo à amamentação com o tema: “Apoie a Amamentação. Proteger o Futuro é um Papel de Todos”. O Ministério da Saúde reforça na campanha que não cabe apenas às mães garantir a amamentação dos bebês pelo tempo necessário, ou seja, por 6 meses de forma exclusiva e por 2 anos ou conjugando com outros alimentos. Para se obter sucesso, é preciso criar uma rede de apoio com pais, empresas, profissionais de saúde, ONGs, universidades, pessoas sensíveis à causa, mídia e órgãos públicos.

A Campanha enumera alguns benefícios da amamentação:

  • Crianças amamentadas têm menos alergias, infecções, diarreias, doenças respiratórias e otites, além de menores chances de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2.
  • O leite materno é o alimento mais completo para o bebê e tem tudo que ele precisa para se desenvolver de forma saudável até os 6 meses de vida. Depois deve ser introduzida a alimentação complementar de forma saudável e o bebê deve continuar mamando até os 2 anos ou mais.
  • Amamentar reduz as chances da mulher desenvolver câncer de mama. A cada ano que ela amamenta, reduz em 6% o risco de desenvolver esse tipo de câncer.
  • A amamentação diminui os custos com tratamento de doenças nos sistemas de saúde.
  • O leite materno é um alimento que não causa poluição e não tem embalagens, portanto, não agride o meio ambiente.
  • A amamentação ajuda a combater a fome e a desnutrição em todas as suas formas e garante a segurança alimentar e nutricional de crianças por todo o mundo.
  • O leite materno contribui para a redução da pobreza, pois é gratuito e não gera grandes impactos no orçamento familiar.
  • Crianças amamentadas têm melhor desempenho em testes de inteligência e se tornam adultos mais saudáveis e produtivos.
SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO MATERNO 2020

A Semana Mundial de Aleitamento Materno acontece todos os anos na primeira semana de agosto. Este ano, a Aliança Mundial para a Amamentação (WABA, na sigla em inglês), definiu como tema “Apoie a amamentação para um planeta mais saudável”, buscando destacar os vínculos entre a amamentação e a saúde do planeta, além de abordar o impacto da alimentação infantil no meio ambiente. A escolha está relacionada mais uma vez a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Segundo a campanha, a alimentação com substitutos do leite materno, que vão do produtor para o consumidor, afeta o meio ambiente devido aos seus métodos de produção, embalagem, distribuição e preparação. Por outro lado, a produção de leite materno é natural e gera desperdício. Além disso, ampliar a amamentação para o que é considerado ideal pela OMS poderia evitar a morte de 823 mil crianças e de 20 mil mães por ano. 

Saiba mais sobre a SMAM 2020, no folder da campanha.

Atualmente, apenas cerca de 40% dos bebês que nascem no mundo são alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses e apenas 45% das mães continuam amamentando por até dois anos. Muitas vezes, segundo a WABA, por falta de apoio da família, da empresa em que trabalha ou da comunidade. 

Os objetivos da Semana Mundial de Aleitamento Materno este ano são formados por quatro pilares: informar pessoas sobre os vínculos entre amamentação e meio ambiente/mudança climática; ancorar a amamentação como uma decisão climática inteligente; se empenhar com indivíduos e organizações para maior impacto; e galvanizar ação para melhorar a saúde do planeta e das pessoas através da amamentação.

Agosto Dourado

O mês de agosto tornou-se simbólico na promoção do aleitamento materno, no Brasil e no mundo. A cor dourada está ligada ao padrão ouro de qualidade do leite materno e simboliza a luta pelo incentivo à amamentação.

O objetivo é reforçar a importância da amamentação até 2 anos ou mais, sendo que até os seis meses, o leite materno deve ser o único alimento do bebê. Além disso, o movimento quer destacar a importância das doações para os Bancos de Leite Humano.

Vamos tratar desse tema na próxima semana. Acompanhe o site e as redes sociais da Femerj.